Não me toques!
Sou vidro gelado.
Sou sombra, sou nada.
Pedaço de areia, pedaço de mar, pedaço de ar, pedaço de ti?
Vês-me?
Sentes-me?
Ouves-me?
A transparência do meu olhar vazio cativa-te?
A minha pele fria,
O meu respirar de gelo cortante.
Magoo-te?
A minha pele nua e pálida é feita de pedra.
Sou estátua.
Imóvel, inerte,
Vazia de sentido.
Prestes a desfazer-se em cacos.
Quero sentir a dor,
Mas não a sinto.
Nada me toca.
Nada me vê.
Nada me sente.
Nada me ouve.
Nada cativo.Inês Moreira Santos